Força-os a Entrar – Sermão N°227

N°. 227

Sermão pregado na manhã de Domingo, 5 de Dezembro de 1858,

Por Charles Haddon Spurgeon.

No Music Hall,  Royal Surrey Garden, Londres.

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Steve Lawson cita esse sermão no seu  livro “O Foco evangélico de Charles Spurgeon“, da Editora Fiel. Lawson aplica esse e outros sermões como exemplos de como Spurgeon pregava o evangelho para salvar os pecadores, mesmo sendo calvinista

“força-os a entrar”. (Lucas 14:23)

Tenho tanta pressa de ir e obedecer hoje mesmo essa ordem de forçar a entrada dos que se detêm agora nos caminhos e nos becos, que não posso ficar na introdução, mas devo dar inicio a minha apresentação de imediato.

Ouçam, pois, vocês que desconhecem por completo a verdade que é em Jesus, ouçam, pois, a mensagem que tenho que lhes entregar. Vocês caíram, caíram em seu pai Adão; também caíram por vocês mesmos, pelo pecado que cometem diariamente e por sua constante iniquidade. Provocaram a ira do Altíssimo. E tão certamente como pecaram, assim certamente Deus deverá lhes castigar se perseveram em suas iniquidades, pois o Senhor é um Deus de justiça, e de nenhuma forma passará por alto o culpado.

Por acaso você não o ouviram? Não se lhes disse aos ouvidos que faz muito tempo que, Deus, em sua infinita misericórdia, estabeleceu uma forma pela qual, sem nenhuma violência contra sua honra, pode ter misericórdia de vocês, os culpados e indignos? A vocês lhes falo. E minha voz se dirige a vocês, oh filhos dos homens. Jesus Cristo, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, desceu do céu, e foi feito a semelhança de carne de pecado. Gerado pelo Espírito Santo, Ele nasceu da Virgem Maria. Viveu nesse mundo uma vida de santidade exemplar e do mais profundo sofrimento, até que se entregou para morrer por nossos pecados, “o justo pelos injustos, para nos levar a Deus”. Continue lendo

A Ressurreição dos Mortos – Sermão Nº 66-67

Nº 66-67

Sermão pregado na manhã de Domingo, 17 de Fevereiro, 1856

Por Charles Haddon Spurgeon

Na Capela de New Park Street, Southwark, Londres.

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Há de haver ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos” Atos 24:15.

 

Meditando outro dia sobre o triste estado das igrejas em nosso tempo, fui conduzido a observar em retrospectiva aos tempos apostólicos, e a considerar em quê difere a pregação destes dias da pregação dos apóstolos. Notei a vasta diferença em seu estilo em relação à oratória formal e determinada da época presente. Observei que os apóstolos não tomavam um texto quando pregavam, nem se reduziam a somente um tema, e muito menos a algum lugar de adoração, e também descobro que paravam em qualquer lugar e declaravam desde a plenitude de seu coração o que sabiam de Jesus Cristo. Mas a principal diferença que observei radicava nos temas de sua pregação. Me surpreendi quando descobri que o elemento principal da pregação dos apóstolos era a ressurreição dos mortos. Percebi que eu estava pregando sobre a doutrina da graça de Deus, que havia sustentado a livre eleição, que estava conduzindo ao povo de Deus da melhor maneira que podia às profundas coisas de Sua palavra; mas me surpreendi ao descobrir que não estava copiando a maneira apostólica, nem sequer a metade do que eu poderia ter feito.

 

Os apóstolos, quando pregavam, sempre davam testemunho da ressurreição de Jesus, e a consequente ressurreição dos mortos. Parece que o Alfa e o Ômega de seu evangelho foi o testemunho de que Jesus Cristo morreu e ressuscitou outra vez dos mortos de acordo as Escrituras. Quando escolheram a outro apóstolo no lugar de Judas, que se converteu em um apóstata, disseram: “Alguém seja feito testemunha conosco, de sua ressurreição,” de tal forma que a essência do ofício de um apóstolo era ser uma testemunha da ressurreição. Continue lendo

A Chave de Cristo – (devocional)

15 de junho
“O que abre, e ninguém fecha.” (Ap 3:7 ARC1995)
Jesus é o guarda das portas do paraíso; Ele colocou diante de cada alma crente uma porta aberta que nenhum homem nem nenhum demónio lha pode fechar. Que gozo será achar que a fé nEle é a chave de ouro para as portas eternas! Minh’alma, estás tu levando esta chave em teu peito ou estás confiando em alguma chave falsa que, por fim, fracassará? Ouve esta parábola do pregador e recorda-a: O grande Rei fez um banquete e proclamou por todo o mundo que ninguém entraria nele, salvo os que trouxessem a flor mais formosa do mundo. Os espíritos dos homens avançam para a porta aos milhares e cada um deles traz uma flor que estima ser a rainha do jardim, mas eles, em grande quantidade, são empurrados para fora da presença real e não podem entrar na sala do banquete. Alguns trazem nas suas mãos a mortal beladona da superstição, ou a papoila exibicionista de Roma, ou a cicuta da justiça própria, mas como estas flores não agradam ao Rei, os portadores delas são excluídos das portas de pérola. Minha alma, tens tu colhido a Rosa de Saron? Levas tu constantemente no teu peito o Lírio dos Vales? Se assim é, quando chegares às portas do Céu, tu saberás o seu valor, porquanto só tens de mostrar a mais seleta das flores e o Porteiro abrirá. Nem por um momento Ele te negará a admissão, porque para aquela Rosa o Porteiro abre sempre. Tu acharás o teu caminho para o trono de Deus com a Rosa de Saron nas tuas mãos, visto que o Céu não possui nada que sobrepuje a sua radiante beleza, e de todas as flores que florescem no Paraíso, não há nenhuma que possa rivalizar com o Lírio dos Vales. Minh’alma, pela fé obtém em tuas mãos a vermelha Rosa do Calvário; leva-a por amor, preserva-a pela comunhão, por uma vigilância diária fá-la o teu tudo em tudo e tu serás abençoado além de toda a beatitude, feliz além de toda a imaginação. Jesus, sê meu para sempre: meu Deus, meu Céu, meu tudo.
C. H. Spurgeon – “Leituras Vespertinas”
Tradução de Carlos António da Rocha

As Engrenagens da Salvação – Sermão Nº2327

As Engrenagens da Salvação por [Charles Haddon Spurgeon, Victor Silva, Projeto Spurgeon, Rosangela Cruz]Nº2327

Sermão pregado na noite de Domingo 18 de Agosto, 1889

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.
E também lido no Domingo 24 de Setembro de 1893.

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“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz, dos que trazem alegres novas de boas coisas!” Romanos 10:14,15

Eleição: Defesa e Evidências – Sermão Nº 2920

Nº 2920

Sermão pregado em 1862

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres

E Publicado em 26 de janeiro de 1905

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“reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção […] Com efeito, vos tornastes imitadores nosso e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo.” 1 Tessalonicenses 1:4-6

Já no anunciar do texto, alguns estarão prontos a dizer: “por que pregar sobre uma Doutrina tão profunda como a Eleição?” Eu respondo, porque ela está na Palavra de Deus, e o que quer que esteja na Palavra de Deus, deve ser pregado! “Mas algumas verdades de Deus devem ser mantidas desconhecidas do povo,” você dirá, “para que eles não façam um mau uso delas.” Isto é doutrina papista! Foi com esta teoria que os padres mantiveram a Bíblia fora do alcance do povo – não a deixaram com o povo para que ele não fizesse mau uso dela. “Mas algumas doutrinas não são perigosas?” Não se elas são verdadeiras e corretamente ministradas. A verdade de Deus nunca é perigosa – isto é um erro e uma reticência que estão repletos de perigo! “Mas os homens não abusam das Doutrinas da Graça?” Eu concordo que eles abusam! Mas se nós formos destruir tudo que os homens usam incorretamente, nós não teríamos nada!  Não deveria existir cordas porque alguns tolos se enforcariam com elas? E deveria o cuteleiro[1] ser descartado e denunciado porque há alguns que usaram armas perigosas para destruição de seus inimigos?  Decididamente não! Além disso, lembrem-se de que os homens leem as Escrituras e meditam sobre estas Doutrinas e, portanto, frequentemente cometem erros sobre elas. Quem, então, deverá explicá-las, se nós que pregamos a Palavra, segurarmos nossas línguas sobre este tema? Continue lendo

O Sermão do Palácio de Cristal – Sermão Nº 154-155

Nº 154-155

SERVIÇO de JEJUM E ORAÇÃO REALIZADO NO PALÁCIO DE CRISTAL, SYDENHAM, LONDRES, QUARTA-FEIRA, 7 DE OUTUBRO DE 1857,

PELO REV. C. H. SPURGEON.

PARA QUASE 24.000 PESSOAS REUNIDAS

(Essa foi a maior congregação reunida no ministério de Spurgeon para ouvir um único sermão)

Sendo o dia nomeado por Proclamação para um jejum solene, humilhação e oração perante o Deus Todo Poderoso, a fim de obter perdão pelos nossos pecados e implorar por Sua bênção e assistência em nosso armamento para a restauração e tranqüilidade na Índia.[2]

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Exposição das Doutrinas da Graça – Sermão Nº 385

Exposição das Doutrinas da Graça por [Charles Haddon Spurgeon, Projeto Spurgeon]Nº 385

Exposição pronunciada na quinta-feira, 11 de abril de 1861.

Pelo Rev. C. H. Spurgeon

Como abertura de uma série de conferências, pronunciadas por diversos pregadores convidados por ocasião da abertura do Tabernáculo Metropolitano, em Newington, Londres

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Os trabalhos se iniciaram, sob a presidência de C.H.Spurgeon, as 15:00 horas, com o cântico do hino nº 21:

Salvos do poder condenatório do pecado,

Tremenda maldição da Lei,

Cantos sacros começaremos,

Onde Deus conosco começou.

 

Cantaremos a vasta, imensurável Graça,

A qual, desde antanho

Seus filhos eleitos abraçou,

Como ovelhas em seu aprisco.

 

A base de eterno amor

Sustentará o alicerce da misericórdia;

Terra, inferno ou pecado, igualmente

Em vão conspirarão.

 

Cantai, vós, pecadores comprados por sangue,

Saudai o grande uno e trino Deus,

Contai quão firme já era a aliança,

Antes mesmo que o tempo começasse o seu curso.

 

Não sentiríeis a culpa do pecado,

Nem o dulçor do amável perdão

Se vossos indignos nomes

Não estivessem arrolados para a vida celestial.

 

Oh! Que doce e exultante canto,

A romper a abóbada celestial,

Quando, bradando a graça, as hostes redimidas

Contemplarão o mover de suas lápides!

 

O Rev. George Wyard, de Deptford, fez uma oração.

O Rev. C. H. Spurgeon, dando início aos trabalhos, disse:

Nós já nos reunimos sob este teto para definir a maior parte das verdades de que consistem as peculiaridades desta Igreja. Na noite de ontem, nos esforçamos por demonstrar ao mundo que nós reconhecemos de coração a unidade essencial da Igreja do Senhor Jesus Cristo. E agora, nesta tarde e noite, é nossa intenção, por meio dos lábios de nossos irmãos, demonstrar as coisas que são verdadeiramente recebidas entre nós, e especialmente aqueles grandes pontos que tão amiúde foram atacados, mas que ainda são tidos e mantidos – verdades que nós provamos, em nossa experiência, serem cheias de graça e de verdade. Minha única função nesta ocasião é apresentar os irmãos que se dirigirão a vós outros, e o farei tão brevemente quanto possível, fazendo como que um prefácio a suas comunicações.

A polêmica que tem prosseguido entre os calvinistas e os arminianos é sumamente importante, mas não envolve a questão crucial da santidade pessoal de tal forma que torne a vida eterna dependente de se esposar um ou outro desses sistemas teológicos. Entre os protestantes e os papistas há polêmicas dessa natureza, de modo que aquele que é salvo, por um lado, pela fé em Jesus, não ousa concordar que seu oponente, do lado oposto, possa ser salvo no que depender de suas próprias obras. Ali, a polêmica é por vida ou morte, porque gira sobre a Doutrina da Justificação pela Fé, a qual Lutero apropriadamente chamou de “a doutrina de verificação”, pela qual uma Igreja permanece ou cai. A polêmica, novamente, entre o crente em Cristo e o Sociniano, é uma que concerne a um ponto vital. Se o Sociniano estiver correto, estamos em abominável erro, e nós de fato somos idólatras – como haveria de habitar em nós a vida eterna? E se estamos corretos, nossa maior caridade não nos permitiria imaginar que um homem pode entrar no Céu sem crer na real divindade do Senhor Jesus Cristo. Há outras polêmicas, portanto, que atingem o centro, e tocam a própria essência da questão.

Eu entendo, porém, que todos estamos livres para admitir que, conquanto John Wesley, por exemplo, em tempos recentes defendeu com zelo o arminianismo, e por outro lado, George Whitefield com igual fervor lutou pelo calvinismo, nenhum de nós deve estar preparado, seja em que lado estivermos, para negar a santidade de um ou de outro. Não podemos fechar nossos olhos para o que cremos ser o crasso erro de nossos oponentes, e devemos nos achar indignos do nome de homens honestos, se pudermos admitir que eles estejam certos em todas as coisas, e nós também o estejamos! Um homem honesto tem um intelecto que não o permite crer que “sim” e “não” podem ambos subsistir ao mesmo tempo e serem ambos verdadeiros. Não posso dizer “é”, e meu irmão, à queima-roupa, dizer “não é”, e ambos estarmos corretos quanto ao assunto! Estamos dispostos a admitir – de fato, não ousamos dizer o contrário – que a opinião neste assunto não determina o estado futuro ou mesmo o presente, de qualquer homem!

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A Agonia no Getsêmani

No. 1199

Sermão pregado no Domingo, 18 de Outubro de 1874.

Por Charles Haddon Spurgeon.

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres

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LEIA OS “SERMÕES DA PAIXÃO DE CRISTO”

“E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão.” (Lucas 22:44)

Quando nosso Senhor terminou de comer a Páscoa e celebrar a ceia com seus discípulos, foi com eles ao Monte das Oliveiras, e entrou no jardim do Getsêmani. O que o induziu a selecionar esse lugar para que fosse a cena de sua terrível agonia? Porque haveria de ser arrastado ai por seus inimigos de preferência a qualquer outro lugar? Por acaso é difícil que entendamos que assim como num jardim a auto-complacência de Adão nos arruinou, também em outro jardim as agonias do segundo Adão deveria nos restaurar? O Getsemani ministra as medicinas para curar os males que foram a consequência do fruto proibido do Éden. Nenhuma flor que tenha florescido nas ribeiras do rio repartido em quatro braços foi alguma vez tão preciso para nossa raça como foram essas ervas amargas que com dificuldade cresciam as margens do enegrecido e sombrio ribeiro de Cedrom o foram.

Por acaso nosso Senhor também não pode se lembrar de Davi, quando naquela memorável ocasião, saiu da cidade escapando de seu filho rebelde, segundo está escrito: “também o rei passou o ribeiro de Cedrom, e passou todo o povo na direção do caminho do deserto.” (2 Samuel 15:23), e ele e seu povo subiram descalços e com a cabeça descoberta, chorando em alta voz enquanto subiam? Eis aqui, Um mais grande que Davi abandonando o templo e se acha desolado, e deixa a cidade que havia rejeitado suas advertências, e com um coração cheio de tristeza atravessa o pestilento ribeiro,  para buscar na solidão um alívio para suas angústias. Mais ainda, nosso Senhor queria que nós víssemos que nosso pecado havia mudado tudo ao redor Dele em aflição, converteu suas riquezas em pobreza, sua paz em duros trabalhos, sua glória em vergonha, e assim também o lugar de seu retiro pleno de paz, onde em santa devoção tinha estado tão próximo do céu em comunhão com Deus, nosso pecado transformou no foco de sua aflição, o centro de sua dor. Ali onde seu deleite tinha sido maior, ali estava chamado a sofrer sua máxima aflição.

Também pode ser que nosso Senhor tenha escolhido o jardim porque, necessitado de qualquer recordo que o ajudasse no conflito, sentia o refrigério que lhe viria ao lembrar-se das horas passadas transcorridas ali com tanta quietude. Ali tinha orado, e obtido força e consolo. Essas enroladas e retorcidas oliveiras o conheciam muito bem; não havia no jardim uma só folha sobre a que Ele não houvera se ajoelhado. Ele havia consagrado esse lugar para comunhão com Deus. Não é nenhuma surpresa, então, que tenha preferido essa terra privilegiada. Assim como um enfermo escolheria estar em sua própria cama, assim Jesus escolheu suportar sua agonia em seu próprio oratório, onde as lembranças dos momentos de comunhão com Seu Pai estariam de maneira vivida diante Dele.

Porem, provavelmente, a principal razão para ir ao Getsêmani foi que era um lugar muito conhecido e frequentado por Ele, e João nos diz: “e também Judas, o que o entregava, conhecia aquele lugar.” Nosso Senhor não desejava se esconder, não precisava ser perseguido como um ladrão, ou ser buscado por espias. Ele foi valorosamente ao lugar onde seus inimigos conheciam que Ele tinha o costume de orar, pois Ele queria ser tomado para sofrer e morrer. Eles não o arrastaram ao pretório de Pilatos contra sua vontade, mas sim que foi com eles voluntariamente. Quando chegou a hora de que fosse traído, ali Ele estava, num lugar onde o traidor poderia o encontrar facilmente, e quando Judas o traiu com um beijo, sua face estava pronta para receber a saudação traidora. O bendito Salvador deleitava-se no cumprimento da vontade do Senhor, ainda que isso implicasse a obediência até a morte.

Chegamos assim até a porta do jardim do Getsêmani, portanto, entremos; porem, primeiro, tiremos os sapatos, como Moises quando viu a sarça ardendo com fogo que não se consumia. Certamente podemos dizer com Jacó: “Que terrível é esse lugar!” Temo diante da tarefa que tenho em minha frente, pois, como meu débil discurso poderia descrever essas agonias, para as quais os fortes clamores e as lágrimas seriam escassamente uma adequada expressão? Quero, juntamente com vocês, repassar os sofrimentos de nosso Redentor, porem, oh, que o Espírito de Deus nos impeça qualquer pensamento fora de lugar ou que nossa língua expresse uma só palavra que seja depreciativa para Ele, seja em Sua humanidade imaculada ou em sua gloriosa Deidade.

Não é fácil quando se está falando de Alguém que é por sua vez Deus e homem, manter a linha exata da expressão correta; é tão fácil descrever o lado divino como se estivéssemos entrincheirados no humano, ou retratar o lado humano às custa do divino. Por favor, perdoem de antemão qualquer erro. Um homem precisa ser inspirado, ou limitar-se nada mais às palavras inspiradas, para poder falar adequadamente em todo momento sobre o “grandioso mistério da piedade,” Deus manifestado em carne. Especialmente quando esse indivíduo tem que refletir sobre Deus manifesto tão claramente na carne sofredora, que as características mais frágeis da humanidade se convertem nas mais notórias. Oh Senhor, abra Tu meus lábios para que minha língua possa  falar as palavras corretas. Continue lendo